Onde mora o dinheiro
Mariana Londres — Fonte: Jornal da Tarde
22/04/2008
18/04/2008
Se o ‘Banco Imobiliário’ fosse desenhado hoje, a Avenida Faria Lima seria o endereço top
Ao jogar o Banco Imobiliário, o jogo mais vendido no mundo (nos Estados Unidos é o famoso ‘Monopoly’, monopólio), é muito fácil perceber a oscilação de valorização e desvalorização no mercado imobiliário no longo prazo. Basta olhar para o tabuleiro: os bairros mais valorizados no jogo, Morumbi e Interlagos, não estão no topo da lista de valorização do mercado real hoje (veja no quadro ao lado).
Outros bairros, como Vila Leopoldina, Praça Panamericana e Moema, que estão entre os endereços com o metro quadrado mais caro da cidade, não fazem parte do jogo, porque, na época em que a versão vendida até hoje no Brasil foi desenhada - na década de 1970 -, não eram tão valorizados.
É claro que o jogo não foi feito para refletir fielmente o mercado imobiliário. Segundo a Estrela, fabricante do brinquedo no Brasil, o critério final da escolha dos endereços do tabuleiro é a familiaridade de crianças e adolescentes, e não exatamente o preço do metro quadrado. “Mas, como o jogo tem como objetivo maior ‘se enriquecer’ com o mercado imobiliário, os endereços mais valorizados acabam sendo escolhidos, mas sempre pensando na identificação das crianças e adolescentes”, explica o gerente de marketing da Estrela, Aires Leal Fernandes. “Afinal, quem não gostaria de ser dono da Paulista ou da Faria Lima?”, diz.
Desde que foi criado, nos Estados Unidos, em 1934, o jogo tem no tabuleiro endereços reais (da cidade de Atlantic City, na primeira versão). No Brasil, o jogo desembarcou na década de 1940, e em 1970 foi feita uma mudança nos endereços, que permanece até hoje. Se o tabuleiro fosse desenhado hoje exclusivamente com base no preço do metro quadrado, teria mais chance de ficar rico quem conseguisse arrematar um terreno na esquina das avenidas Brigadeiro Faria Lima com Juscelino Kubitschek, endereço mais caro na cidade de São Paulo, segundo a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio, Embraesp.
A estimativa da Embraesp considera o preço do metro quadrado de terrenos vendidos recentemente nas regiões apontadas, considerando terrenos de tamanho médio e onde pode haver incorporação, tanto de prédios como para pontos comerciais.
“Porque há variáveis. Você pode ter um terreno em um excelente local mas de tamanho pequeno para uma grande incorporação. Logicamente, nesse caso, ele vai ter o metro quadrado mais barato do que um grande terreno, regular e com poucas restrições para incorporações”, explica Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp.
Os fatores que influenciam a valorização e desvalorização ao longo dos anos também variam. “Você tem locais que já eram valorizados na década de 1970 e continuam valorizados hoje, como é o caso dos Jardins, de Higienópolis e de alguns locais do Morumbi. No caso dos Jardins e Higienópolis há a alta procura aliada à falta de espaço, que pressiona os preços. Mas há aqueles locais como regiões das avenidas Rebouças e 9 de Julho, ambas afetadas por corredores de ônibus, que trazem trânsito e desvalorização”, completa Pompéia.
NO JOGO E NA REALIDADE
Endereços mais caros de São Paulo (preço do terreno por m2)
Faria Lima com Juscelino Kubistcheck: R$ 10 mil a R$ 12 mil
Paulista: R$ 8 mil a R$ 10mil
Berrini: R$ 4 mil a R$ 5 mil
Pç. Panamericana. R$ 5 mil
Marginal Pinheiros (altura da rua Flórida): R$ 4 mil
Vila Nova Conceição (Praça Pereira Coutinho): R$ 4 mil
Higienópolis (região Avenida Higienópolis): R$ 3, 5 mil
Jardim América (região Rua Guadalupe): R$ 3,5 mil
Moema (Av. Ibirapuera - pássaros). R$ 2 mil a R$ 3 mil
Alto de Pinheiros (Parque Villa-Lobos). R$ 2 mil a R$ 3 mil
Cidade Jardim (região do futuro Shopping Cidade Jardim): R$ 1,5 mil
Vila Leopoldina: R$ 1,5 mil a R$ 2 mil
Endereços mais caros no jogo e preço do m2 hoje
Morumbi (Jardim Sul): R$ 600 a R$ 800
Interlagos (Autódromo): R$ 500 a R$ 600
Jardim Paulista: R$ 3 mil
Brooklin (Berrini): R$ 4 mil a R$ 5 mil
Brigadeiro Faria Lima (região Pedroso): R$ 4 mil a R$ 5 mil
9 de Julho ( região José Maria Lisboa): R$ 2 mil
Avenida Rebouças ( região Av. Brasil): R$ 1,5 mil a R$ 2 mil
Avenida Europa ( Oscar Freire): R$ 1,5 mil
Av. Pacaembu: R$ 3 mil a R$ 3,5 mil
R. Augusta: R$ 3 mil a R$ 3,5 mil
Avenida Brasil: R$ 2,5 mil a R$ 3 mil
Jardim Europa: R$ 3 mil
Avenida Paulista: R$ 10 mil